Nossa Visão - 30/10/2017
Retrospectiva
Em relação à
economia internacional, destaque para a reunião do Conselho de Governadores do
Banco Central Europeu (BCE), composto pelos governadores dos bancos centrais
dos 19 países da zona euro e os seis membros do Comité Executivo da entidade,
que decidiu pela manutenção das taxas de juros aplicáveis ao refinanciamento em
0,00%, e de depósitos em -0,40%. O Comitê também decidiu pela manutenção do
atual programa de recompra de ativos no ritmo mensal de ? 60 bilhões até o
final de dezembro de 2017, reduzindo então para ? 30 bilhões até, pelo menos
setembro de 2018. Cabe ressaltar que a decisão não foi unânime, em razão de
diferentes visões sobre os dados econômicos recentes da zona do euro.
Nos EUA, o
Congresso aprovou a resolução sobre o orçamento de 2018, abrindo espaço para
uma redução gigantesca dos impostos, de cerca de US$ 1,5 bilhão. A decisão foi
apertada, com 216 deputados votando a favor e 212 votando contra, assim como
tinha sido no Senado uma semana antes. As grandes linhas da reforma são uma
redução nos impostos das empresas da ordem de 35% a 20%. Os opositores à
reforma denunciam que a medida levaria à explosão do déficit orçamentário.
Ainda por lá,
o mercado financeiro reagiu às especulações de que a atual presidente do Fed,
Janet Yellen, estaria fora da disputa pela vaga para o próximo mandato. A
escolha deverá recair entre os candidatos Jerome Powell e John Taylor. Com o
cerco se fechando, aumenta a possibilidade de um novo presidente mais
conservador, o que significaria mais altas no juro pelo Fed.
O Departamento
de Comércio dos EUA divulgou, em sua primeira estimativa, que o PIB do 3º
trimestre cresceu a uma taxa anual de 3%. É a primeira vez em três anos que o
PIB cresce ao menos 3% por dois trimestres consecutivos. Contribuiu para a
robustez do número o consumo das famílias, que responde por mais de 2/3 da
atividade econômica norte americana, e o crescimento do investimento privado e
dos estoques.
Enquanto no
Japão, a vitória do Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro
Shinzo Abe, nas eleições do Parlamento, garante a manutenção da maioria
absoluta do partido nas duas casas parlamentares, e deverá trazer a manutenção
das políticas econômicas e monetárias expansionistas no país, com taxa de juros
no campo negativo e a manutenção do programa de compra de bônus governamentais.
Nos mercados
de ações internacionais, enquanto o Dax, índice da bolsa alemã avançou 1,74% na
semana, o FTSE-100, da bolsa inglesa, recuou -0,24%, o índice S&P 500, da
bolsa norte-americana valorizou 0,22% e o Nikkey 225, da bolsa japonesa, 2,57%.
Em relação à
economia brasileira, foi divulgado que o índice de confiança da indústria,
medido pela FGV, avançou expressivos 1,9% na primeira prévia para o mês de
outubro. Já o resultado das contas públicas voltou a ficar no vermelho em
setembro. O governo central registrou déficit primário de R$ 22,7 bilhões no
mês, e embora negativo, é melhor que o resultado observado no mesmo período do
ano passado, quando o rombo foi de R$ 25,2 bilhões. Foi observada melhora na
arrecadação de impostos, que pode ser interpretado como um sinal de recuperação
do crescimento da economia.
Na semana
ocorreu a penúltima reunião do Copom de 2018, com seus membros votando pela
redução de 75 pontos- base, para 7,50% ao ano, menor nível desde abril de 2013
e próxima da mínima histórica de 7,25%. O corte representou uma diminuição do
ritmo de baixa dos juros. A leitura do mercado é de que, com as baixas
sucessivas de 100 pontos-base nas últimas reuniões, o espaço para mais cortes
diminuiu.
No campo da
política, a câmara dos deputados decidiu, por maioria de votos, pela rejeição
da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Apesar de contar com menos
votos da base aliada que na votação da primeira denúncia, o governo sai
fortalecido e com agenda limpa para votar as medidas de ajuste fiscal, com
destaque para a reforma da previdência.
Comentário Focus
No Relatório Focus recém divulgado, a média
dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,08% em 2017, frente à expectativa
de 3,06% na semana anterior. Para 2018 a estimativa é que suba 4,02%, como na
semana anterior.
Para a taxa Selic, o relatório informou que,
para o fim de 2017, a média das expectativas situou-se em 7%, como na pesquisa
anterior e para o final de 2018 também em 7%, como na última pesquisa.
Já para o desempenho da economia previsto
para este ano, o mercado manteve a evolução do PIB em 0,73%, e para 2018 estacionou
em 2,50%.
Para a taxa de
câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana estará em R$ 3,19, no
fim de 2017, frente a R$ 3,16 na pesquisa anterior e para o final do próximo
ano em R$ 3,30, como no último relatório.
Para o
Investimento Estrangeiro Direto, as expectativas são de um ingresso de US$ 75
bilhões em 2017. Para 2018, as estimativas foram mantidas em um ingresso de US$
80 bilhões.
Perspectiva
Os próximos
dias serão marcados por eventos importantes para os mercados, como a reunião do
Fed, banco central dos Estados Unidos, além dos números sobre o mercado de
trabalho norte-americano, previsto para ser divulgado na sexta-feira.
O Fed se reúne
ofuscado pela expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, anuncie
ainda nesta semana a decisão de substituir a presidente da instituição, Janet
Yellen. Não se espera alteração na taxa básica nesta reunião, com seus membros
adiando qualquer movimento para dezembro, enquanto lutam com uma inflação
persistentemente baixa, apesar do desemprego em queda e o crescimento econômico
robusto.
Mantemos nosso
entendimento de que, dado o expressivo avanço já ocorrido com os índices que
referenciam os fundos de investimentos em títulos públicos, nos meses recentes,
por conta da queda da inflação e da redução da taxa Selic, o momento é de
realização dos lucros obtidos com as aplicações de longuíssimo prazo.
Permanecer com
uma exposição no vértice de longuíssimo prazo neste momento de ainda grandes
incertezas, pode não representar ganhos expressivos em função do fator risco a
ser incorrido. Assim, recomendamos uma exposição de 30% no vértice de longo
prazo, representado pelo IMA-B Total.
Para os vértices médios
(IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total) mantemos a nossa recomendação de uma exposição
de 10%. Os recursos saídos do longuíssimo prazo deverão ser migrados para as
aplicações em fundos DI, cuja alocação agora sugerida é de 30%. Lembramos que
para evitar o desenquadramento aos limites da Resolução CMN nº 3.922/2010, o
percentual máximo de alocação em fundos enquadrados no Artigo 7º, Inciso IV é
de 30%. A estratégia ora recomendada mantém a perspectiva de bom retorno ao
mesmo tempo em que reduz o risco total da carteira.
Permanece a
recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das
políticas de investimento é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que
envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por
exemplo), em detrimento das alocações em vértices mais longos. A atual escassez
de crédito para a produção e o consumo tem gerado prêmios de risco, que
possibilitam uma remuneração que supera as metas atuariais.
Quanto à renda variável, passamos a
recomendar a exposição máxima de 30%, por conta da crescente melhoria das expectativas
com a atividade econômica no próximo ano, que deverá refletir em um melhor
comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores. Assim, já
incluídas as alocações em fundos multimercado (5%), em fundos de participações
- FIP (5%) e em fundos imobiliários FII (5%), a alta na parcela de renda
variável para 30%, considera que a alocação em ações passou de 10% para 15%,
diminuindo-se para 30% as alocações em renda fixa de curto prazo.
Por fim, cabe
lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do
capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme
as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda
variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser
direcionadas efetivamente para o longo prazo.
Indicadores Diários - 30/10/2017
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