NOSSA VISÃO - 06/11/2017
Retrospectiva
No cenário
externo, a semana foi de muitas reuniões de bancos centrais sobre política
econômica. O banco central japonês (BOJ) manteve a taxa de depósito
estabilizada em -0,10%. O Federal Reserve - FED (banco central norte americano)
foi pela mesma direção e manteve a taxa de juros entre 1,0% e 1,25%, e taxa de
refinanciamento em 1,75%, na penúltima reunião do ano. No comunicado pós-reunião,
o FED identificou que a economia cresce sólida, o mercado de trabalho fortaleceu
e o gasto das famílias aumentou. A inflação mesmo nesse contexto se mantém
suave. A atitude do FED de seguir com a política monetária estabilizada era
amplamente esperada, mas cresceram as apostas de elevação dos juros na última
reunião do ano e mais três altas em 2018. Neste contexto, é importante
mencionar que o novo presidente do FED, Jerome Powell, indicado nesta semana
pelo presidente Donald Trump, não deverá realizar uma mudança muito forte na
política monetária dos EUA, já que é alinhado em termos de postura técnica com a
ex-presidente Janet Yellen.
Surpreendente
foi a decisão do BOE (BC inglês) de elevar os juros básicos de 0,25% para
0,50%, a primeira em mais de uma década, mas manteve a compra de ativos de 435
bilhões de libras. Também declarou que espera elevar os juros por mais duas
vezes até o final de 2020 e reduziu o PIB estimado de 2018 para 1,7% (de 1,8%).
Porém, advertiu que a calibragem dos juros segue sem rumo em função das
incertezas com o Brexit.
Os indicadores
divulgados reforçam o quadro externo de gradualismo. O relatório de emprego dos
EUA (payroll), divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Trabalho, informou
que a taxa de desemprego caiu um décimo e se situou em 4,1% no fechamento do
mês de outubro, a mais baixa em 17 anos. No mês, foram criados 261 mil novos
empregos, número abaixo da mediana das expectativas.
Em relação aos
indicadores de atividade divulgados em diferentes países para o mês de outubro,
no geral vieram mostrando encolhimento das atividades. Na China o PMI oficial
caiu para 51,6 pontos, de anterior em 52,4 pontos. O Reino Unido divulgou o PMI
de serviços em alta para 55,6 pontos, de previsto em 53,4 pontos. No Japão, a
produção industrial do terceiro trimestre subiu 0,4% e em setembro encolheu
1,1%, menos que o previsto. Na Espanha o PIB do terceiro trimestre subiu 0,8% e
a taxa anualizada está em 3,1%. Na zona do euro o índice de sentimento
econômico de outubro subiu para 114 pontos, no maior patamar desde outubro de
2000.
Nos mercados
de ações internacionais, enquanto o Dax, índice da bolsa alemã avançou 1,97% na
semana, o FTSE-100, da bolsa inglesa, subiu -0,74%, o índice S&P 500, da
bolsa norte-americana valorizou 0,26% e o Nikkey 225, da bolsa japonesa, 2,41%.
Em relação à
economia brasileira, foi divulgado pelo IBGE que a produção industrial subiu
0,2% em setembro frente a agosto, que havia recuado 0,7% frente a julho. O
índice acumula 1,6% no ano, e foi puxado pela alta da produção de veículos, que
cresceu 1,0% frente a agosto.
Em relação à
inflação, foi divulgado que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M),
considerado a inflação do aluguel, registrou alta de 0,20% em outubro, ante
avanço de 0,47% em setembro. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que
mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do IGP-M, terminou o
mês com alta de 0,16%.
Já em termos
de troca, foi divulgado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (MDIC) que a balança comercial - mede a diferença entre as importações
e as exportações - registrou superávit de US$ 5,2 bilhões. Com os produtos
brasileiros cada vez mais competitivos no mercado internacional, as exportações
ficaram em US$ 18,8 bilhões no mês, enquanto as importações totalizaram US$
13,6 bilhões. Diante desse resultado, o saldo comercial brasileiro acumula US$
58,4 bilhões de janeiro a outubro, valor que já supera o recorde registrado em
todo ano de 2016, que foi US$ 47,7 bilhões.
No campo da
política, passada a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, o
governo tem se esforçado para ressaltar o bom momento da economia e alertar
para a necessidade dos ajustes fiscais para evitar a interrupção do
crescimento. Faltando pouco mais de 4 semanas para o encerramento do ano
legislativo, na prática resta pouca margem para o governo tentar aprovar medidas
de impacto na área tributária e previdenciária.
Para a bolsa
brasileira, foi uma semana de baixa, com o Ibovespa recuando -2,71%, ainda
assim acumulando alta de 22,73% no ano e de 20,00% em doze meses. O dólar, por
sua vez, avançou 0,36%, elevando a alta no ano para 1,01%. O IMA-B Total, por
sua vez, recuou -1,16% na semana, reduzindo a alta acumulada no ano para 11,70%.
No fechamento
do mês de outubro, o Ibovespa apresentou estabilidade (alta de 0,02%), enquanto
o IMA-B Total recuou -0,38%, ao passo que o CDI rendeu 0,65%.
Comentário Focus
No Relatório Focus recém-divulgado, a média
dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,08% em 2017, mesmo número da
semana anterior. Para 2018 a estimativa é que suba 4,02%, como na semana
anterior.
Para a taxa Selic, o relatório informou que,
para o fim de 2017, a média das expectativas situou-se em 7%, como na pesquisa
anterior e para o final de 2018 também em 7%, como na última pesquisa.
Já para o desempenho da economia previsto
para este ano, o mercado manteve a evolução do PIB em 0,73%, e para 2018 estacionou
em 2,50%.
Para a taxa de
câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana estará em R$ 3,20, no
fim de 2017, frente a R$ 3,19 na pesquisa anterior e para o final do próximo
ano em R$ 3,30, como no último relatório.
Para o
Investimento Estrangeiro Direto, as expectativas são de um ingresso de US$ 75
bilhões em 2017. Para 2018, as estimativas foram mantidas em um ingresso de US$
80 bilhões.
Perspectiva
Passada a fase
de expectativas com o anúncio do próximo presidente do FED que substituirá
Janet Yellen a partir de fevereiro de 2018, a confirmação de Jerome Powell deve
ser referendada pelo Congresso americano.
Assim, o foco
se volta para o anúncio das mudanças na tributação. Entretanto, não deverá ser
tão fácil, pois o parlamento norte-americano está dividido e pode pender para
qualquer dos lados. De qualquer forma, não é de se esperar a tão alardeada
repatriação de US$ 4 trilhões, ainda que alguma ocorrerá, principalmente se os
juros forem elevados como se espera.
Por aqui, os
números positivos da economia devem continuar a aparecer, mas o lado político
continuará a fazer preços dos ativos e a produzir volatilidade nos mercados de
risco.
Após uma
semana encurtada pelo feriado de finados, os próximos dias trazem como destaque
o intenso noticiário corporativo com a divulgação de diversos resultados, com
pelo menos 83 balanços agendados para o período entre 06 e 10 de novembro.
Destaque para
a divulgação do IPCA de outubro, prevista para sexta-feira. A mediana das
estimativas coletada pela Bloomberg indica que o índice deve acelerar para
0,48%.
Mantemos nosso
entendimento de que, dado o expressivo avanço já ocorrido com os índices que
referenciam os fundos de investimentos em títulos públicos, nos meses recentes,
por conta da queda da inflação e da redução da taxa Selic, o momento é de
realização dos lucros obtidos com as aplicações de longuíssimo prazo.
Permanecer com
uma exposição no vértice de longuíssimo prazo neste momento de ainda grandes
incertezas, pode não representar ganhos expressivos em função do fator risco a
ser incorrido. Assim, recomendamos uma exposição de 30% no vértice de longo
prazo, representado pelo IMA-B Total.
Para os vértices médios
(IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total) mantemos a nossa recomendação de uma exposição
de 10%. Os recursos saídos do longuíssimo prazo deverão ser migrados para as
aplicações em fundos DI, cuja alocação agora sugerida é de 30%. Lembramos que
para evitar o desenquadramento aos limites da Resolução CMN nº 3.922/2010, o
percentual máximo de alocação em fundos enquadrados no Artigo 7º, Inciso IV é
de 30%. A estratégia ora recomendada mantém a perspectiva de bom retorno ao
mesmo tempo em que reduz o risco total da carteira.
Permanece a
recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das
políticas de investimento é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que
envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por
exemplo), em detrimento das alocações em vértices mais longos. A atual escassez
de crédito para a produção e o consumo tem gerado prêmios de risco, que
possibilitam uma remuneração que supera as metas atuariais.
Quanto à renda variável, passamos a
recomendar a exposição máxima de 30%, por conta da crescente melhoria das
expectativas com a atividade econômica no próximo ano, que deverá refletir em
um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de
Valores. Assim, já incluídas as alocações em fundos multimercado (5%), em
fundos de participações - FIP (5%) e em fundos imobiliários FII (5%), a alta na
parcela de renda variável para 30%, considera que a alocação em ações passou de
10% para 15%, diminuindo-se para 30% as alocações em renda fixa de curto prazo.
Por fim, cabe
lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do
capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as
possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda
variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser
direcionadas efetivamente para o longo prazo.
Indicadores Diários - 03/11/2017
Índices de Referência - Setembro / 2017