Nossa Visão - 29/10/2018

Retrospectiva

Definido o resultado da eleição presidencial em segundo turno, agora é chegado o momento de se aguardar a composição do novo governo, principalmente a da equipe econômica, que deverá ser comandada por Paulo Guedes, economista, banqueiro e investidor.

Desafios para o novo governo é o que menos falta. Externamente, a conjuntura é desafiadora, na medida em que o avanço da economia norte-americana e a robustez do seu mercado de trabalho têm exigido do FED a normalização da política monetária, que durante anos teve as taxas de juros em suas mínimas históricas. Quando isso acontece, a liquidez global se reduz e dificulta sobremaneira a vida daquelas economias dependentes do fluxo de capital externo. Mesmo com as nossas contas externas em ordem, isso acaba por afetar o mercado local.

Internamente, com um novo Congresso, o maior desafio será o de promover as reformas necessárias, inclusive a da previdência, reduzir os gastos públicos, estimular a atividade econômica e as privatizações e reduzir o elevado desemprego.  Mas tudo começa com a definição da equipe de governo, vamos aguardar.

Em relação à economia internacional, na zona do euro, os desempenhos da indústria e dos serviços desaceleraram em outubro, conforme o PMI preliminar que recuou para 52,7 pontos, depois de ter registrado 54,1 pontos em setembro.

Já o BCE, por sua vez, manteve inalteradas as taxas de juros na região do euro, sendo a principal em 0% e reforçou a expectativa de que os juros permaneçam no atual patamar até meados de 2019. Sobre o programa de compra de ativos, reiterou que se encerra no próximo dezembro.

Nos EUA, o Livro Bege divulgado na última quarta-feira apontou que as empresas ainda estão otimistas em relação à trajetória de crescimento da economia, mas indicou também receios de que as tarifas comerciais continuem a pressionar os custos.

Conforme a primeira prévia realizada pelo Departamento do Comércio americano, o PIB do terceiro trimestre cresceu a uma taxa anualizada de 3,5%, puxado pelos gastos dos consumidores, que tiveram a maior alta em quase quatro anos e compensaram a forte queda do lado comercial.

Para os mercados de ações internacionais, a semana passada foi de quedas. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã caiu 3,06%, o FTSE-100, da bolsa inglesa recuou 2,81%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, 3,94% e o Nikkey 225, da bolsa japonesa 5,98%.

Em relação à economia brasileira, o IPC-S, depois de ter subido 0,52% na segunda quadrissemana de outubro, acelerou para 0,54% na terceira. Já o IPCA-15 de outubro foi o mais alto para o mês, desde 2015, ao subir 0,58%.

Para a bolsa brasileira, foi outra semana de alta, com o Ibovespa avançando 1,78%. Assim, o ganho acumulado no ano foi de 12,20% e de 12,83% em doze meses. O dólar, por sua vez, caiu 0,88% trazendo a alta no ano para 11,10%. O IMA-B Total, por sua vez avançou 1,15% na semana, acumulando alta de 10,29% no ano.

Comentário Focus

No Relatório Focus de 26 de outubro, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 4,43% em 2018, frente a 4,44% na semana anterior. Para 2019 a estimativa é de que suba 4,22%, como na semana anterior.

Para a taxa Selic, o relatório informou que, para o fim de 2018 a taxa Selic estará em 6,50%, como na última pesquisa e em 8% no final de 2019, também como na pesquisa anterior.

Já para o desempenho da economia previsto para este ano, o mercado estimou a evolução do PIB em 1,36%, frente a 1,34% na semana anterior. Para 2019 a estimativa é que o PIB cresça 2,50%, frente a 2,49% na semana anterior.

Para a taxa de câmbio, a pesquisa mostrou que a cotação da moeda americana estará em R$ 3,71, frente a R$ 3,75 no último relatório e em R$ 3,80 no final de 2019, como na semana anterior.

Para o Investimento Estrangeiro Direto, as expectativas são de um ingresso de US$ 67 bilhões em 2018, como na última pesquisa e de US$ 70 bilhões, também como na pesquisa anterior.

Perspectiva

Nesta semana, na zona do euro, teremos a divulgação da prévia do PIB do terceiro trimestre de 2018, da taxa de desemprego em setembro e da prévia da inflação do consumidor em outubro.

Nos EUA teremos a divulgação dos gastos pessoais em setembro, da taxa de desemprego  e da criação de vagas de trabalho em outubro.

No Brasil, teremos a divulgação dos dados parciais de inflação, da taxa de desemprego e da produção industrial em setembro e nova reunião do Copom para deliberar sobre a política monetária.

No exterior, a divulgação do PIB da zona do euro e a taxa de desemprego nos EUA são os principais eventos. No Brasil teremos nova reunião do Copom, em que a taxa Selic deve ser mantida e talvez a divulgação de alguns nomes da futura equipe do novo presidente eleito.

Em relação à alocação dos recursos financeiros dos RPPS, aconselhamos, por enquanto, a manutenção de 15% na exposição aos fundos de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a ser acompanhado com a devida atenção, enquanto não estiver resolvida a disputa eleitoral, bem como a formação de um novo governo.

Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total) recomendamos uma exposição de 30% e para os vértices de curto prazo, representados pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida é de 25%.

Permanece a recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das políticas de investimento e as exigências da nova resolução editada pelo CMN, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo).

Quanto à renda variável, continuamos a recomendar a exposição máxima de 30%, também por conta da melhora da atividade econômica neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais suprem a meta atuarial.

Dessa forma, mantivemos em 10% a sugestão de alocação em fundos multimercado e reduzimos de 5% para 2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de produtos no mercado. Em compensação e tendo-se em vista o potencial de valorização do segmento com a eleição de candidato pró-mercado elevamos a recomendação do investimento em ações de 10% para 15%.

Para aqueles clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP, recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.

Por fim, cabe lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser direcionadas efetivamente para o longo prazo.

Indicadores Diários - 26/10/18

Índices de Referência - Setembro/2018