NOSSA VISÃO - 14/10/2019
Retrospectiva
A semana foi
de recuperação para os ativos de riscos, com o alívio vindo do noticiário
externo após a trégua na guerra comercial que envolve os EUA e a China,
anunciada antes do fechamento dos mercados na sexta-feira.
Ainda que
parcial, o acordo firmado entre as duas maiores potências econômicas traz certa
estabilidade para o comércio mundial. O acordo abrange questões sobre
agricultura, moeda e proteção da propriedade intelectual, e representa o maior
avanço para a resolução da batalha comercial que já dura 15 meses.
Em virtude do
pacto, os EUA decidiram suspender o aumento de 25% para 30% as tarifas sobre
US$ 250 bilhões em produtos chineses, que deveriam entrar em vigor na próxima
semana. Por sua vez, o país asiático se comprometeu a adquirir de US$ 40
bilhões a US$ 50 bilhões em produtos agrícolas norte-americano.
Nos EUA, foi
revelado que a inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) referente ao mês
de setembro apresentou deflação de 0,3%, aumentando ainda mais as chances de
novo corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve (FED, na sigla em inglês).
Ainda por lá,
foi conhecida a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do FED,
que decidiu pela redução do juro norte-americano. O documento mostra um banco
central mais preocupado com o ritmo de crescimento da economia local, na medida
em que foram discutidos alguns modelos de projeções que mostraram um aumento na
probabilidade de recessão nos próximos meses.
Para os mercados
de ações internacionais, a semana foi de expressivas valorizações nas bolsas de
valores. Enquanto o Dax, índice da bolsa alemã, subiu 4,15% e o FTSE-100, da
bolsa inglesa, avançou 1,28%, o índice S&P 500, da bolsa norte-americana, valorizou
0,62% e o Nikkei 225, da bolsa japonesa, ganhou 1,81%.
Do lado
doméstico, destaque para o noticiário político. O plenário da Câmara aprovou o
projeto de Lei que define o rateio de parte dos reursos captados na cessão
onerosa do leilão de petróleo do pré-sal entre os estados e municípios. Pelo
acordo, 15% do excedente ficarão com os estados, 15% com os municípios e 3% com
os estados confrontantes à plataforma continental. Agora, o projeto de Lei
passará pelo Senado.
O IBGE
divulgou que as vendas no varejo cresceram 0,1% em agosto, na comparação com o
mês anterior. As projeções indicavam crescimento de 0,3%, segundo a Reuters. Na
comparação com agosto de 2018, o avanço foi de 1,3%. O crescimento foi
sustentado pelos supermercados, indicando um perfil de consumo mais básico,
destinado às compras de primeira necessidade.
Quanto à
inflação, o IBGE divulgou que o IPCA de setembro variou -0,04%, o menor
resultado para o mês de setembro deste 1998. O resultado veio no piso das
estimativas da agência Broadcast. No acumulado do ano de 2019, o IPCA registra
inflação em 2,49% e, no acumulado dos últimos 12 meses, em 2,89%. O índice
segue abaixo da meta oficial para o ano, que é de 4,25% com tolerância de 1,5
ponto percentual para cima ou para baixo. A queda no índice foi puxada principalmente
pelo grupo "alimentação e bebidas", que variou -0,43%.
Para a bolsa
brasileira a semana foi de ganhos nos preços das ações. O Ibovespa avançou 1,98%
na semana, acumulando valorização no ano de 18,14% e 25,22% em doze meses. O
dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 4,095 na venda. Na
semana, a moeda norte-americana avançou 0,95%. Já o IMA-B Total encerrou a
semana com valorização de 1,02%, acumulando ganhos no mês de 1,20% e no ano de 20,99%.
Relatório Focus
No Relatório
Focus revelado hoje, a média dos economistas que militam no mercado financeiro estimou
que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 3,28% em
2019, uma redução ante os 3,42% da semana anterior, sendo a décima revisão
consecutiva para baixo. Para 2020 a estimativa foi reduzida para 3,73%, ante 3,78%
da pesquisa anterior. O resultado se distancia ainda mais da meta de inflação
fixada pelo CMN para este ano, de 4,25%.
Para a taxa
Selic, o mercado financeiro manteve as expectativas com o relatório informando
que, ao final de 2019, a taxa Selic estará em 4,75%. Há um mês estava em 5,00%.
Para 2020, a previsão foi reduzida para 4,75%, ante 5,00% das últimas pesquisas.
Destaque para as estimativas do Top-5, grupo que mais acerta as previsões, que
passou a ver a Selic deste ano em 4,50%.
O levantamento
semanal manteve a estimativa para a taxa de crescimento da economia este ano em
0,87%. Para 2020 a expansão do PIB também foi mantida em 2,00%.
Os
profissionais consultados pelo BACEN mantiveram as previsões para o dólar a R$ 4,00
neste ano. Para o encerramento de 2020, a estimativa também foi mantida em R$
3,95.
Para o
Investimento Estrangeiro Direto, caracterizado pelo interesse duradouro do
investimento na economia, as expectativas são de um ingresso de US$ 81,85
bilhões em 2019 e de US$ 83,2 bilhões em 2020.
Perspectiva
A semana vem
recheada de eventos que certamente exercerão influência sobre os preços dos ativos
negociados nos mercados financeiros.
Após o
anúncio do acordo comercial parcial entre EUA e China, a partir de agora serão
conhecidos os detalhes das negociações, que serão colocadas no papel para
assinatura pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Porém, os chineses já
adiantaram que pretendem incluir outras questões no acordo antes da assinatura,
elevando o grau de incerteza sobre o tema.
No Brasil, o
destaque para a votação, pelo Senado, do projeto aprovado na Câmara definindo
as regras de rateio entre estados e municípios de verba originária da cessão
onerosa do pré-sal. A aprovação é dada como certa e a finalização do debate é
essencial para garantir a votação da reforma da Previdência, prevista para
acontecer neste mês.
Na agenda de
indicadores a serem revelados, destaque para o número do PIB chinês e dados da
indústria, varejo e balança comercial chinesa.
Nos EUA,
serão conhecidos os dados de varejo e construção, enquanto na região do Euro
serão conhecidos os dados da produção industrial.
Por aqui, o
banco central divulgará o IBC-Br de agosto, considerado a prévia do PIB
nacional e utilizado como parâmetro avaliativo do ritmo de crescimento da
economia brasileira.
Em relação às
aplicações dos RPPS aconselhamos o investimento de 25% dos recursos em fundos
de investimento em títulos públicos que possuem a gestão do duration, produto a
ser acompanhado com a devida atenção por conta das posições assumidas pelo
gestor.
Para os
vértices de longo prazo (especificamente o IMA-B Total) recomendamos uma
exposição de 10%.
Para os vértices médios (IMA-B 5, IDkA 2A e IRF-M Total), a recomendação
é para uma exposição de 25% e para os vértices de curto prazo, representados
pelos fundos DI, pelos referenciados no IRFM-1 e pelos CDBs a alocação sugerida
é de 10%.
Permanece a
recomendação de que, com a devida cautela e respeitados os limites das
políticas de investimento e as exigências da resolução CMN nº 3.922/2010
conforme alterada, é oportuna a avaliação de aplicações em produtos que
envolvam a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por
exemplo).
Quanto à
renda variável, recomendamos uma exposição máxima de 30%, por conta da melhora
do ambiente econômico neste ano, que já se refle em um melhor comportamento dos
lucros das empresas e, portanto, da Bolsa de Valores e também pelo fato da
importância do produto como fator de diversificação de portfolio, em um momento
em que as taxas de juros dos títulos públicos não mais superam a meta atuarial.
Para a
alocação em fundos multimercado a nossa sugestão é de 10% dos recursos e de
2,5% a alocação em FII e FIP, respectivamente, dada a pouca disponibilidade de
produtos no mercado enquadrados para os RPPS. Para o investimento em ações, a
nossa recomendação é de 15% dos recursos, tendo-se em vista o potencial de
crescimento das empresas neste e nos próximos anos em uma conjuntura de baixa
inflação e taxas de juros nas mínimas históricas. Muito embora ainda esteja no
campo das expectativas, a implementação das reformas estruturais demandadas
pelo mercado em muito também poderão influenciar o comportamento positivo das
ações, no futuro.
Para aqueles
clientes que já contam com investimento de 5% tanto em FII, quanto em FIP,
recomendamos que o teto de investimento em ações se mantenha em 10%.
Por fim, cabe
lembrarmos que as aplicações em renda fixa, por ensejarem o rendimento do
capital investido, devem contemplar o curto, o médio e o longo prazo, conforme
as possibilidades ou necessidades dos investidores. Já as realizadas em renda
variável, que ensejam o ganho de capital, as expectativas de retorno devem ser
direcionadas efetivamente para o longo prazo.
* Aos clientes que investem em FIDC / Crédito Privado / Fundo
Debênture, utilizar como limite máximo o percentual destinado ao Médio Prazo.
** Aos clientes que investem
em Fundos de Participações e Fundos Imobiliários em percentual superior a 2,5%
em cada, reduzir a exposição de 15% aos Fundos de Ações na proporção desse
excesso.
Indicadores Diários -14/10/19
Índices de Referência -Setembro/2019